segunda-feira, 21 de julho de 2014

A CARÊNCIA DE MAIS BIBLIOTECAS NO BRASIL




por: Webston Moura

Ninguém se ponha contra o uso de smartphones, pois recursos tecnológicos desta natureza vêm pra ficar. No entanto, vale questionar o uso abusivo (doentio mesmo) de tais recursos, o que pressuponho ser fator de um emburrecimento geral, tal ao comportamento que vê na internet, em especial nos sites de busca, uma espécie de oráculo que substitua a pesquisa mais ordenada e sistemática. Nessa onda, o objeto livro e a vivência da leitura dançam.


Como é comum a nós brasileiros a baixa imunidade em relação a todo tipo de “novidade” (modismos), corremos o risco de mal-formar a juventude de hoje. E o que me leva a pensar isso são dados como o que aponta uma matéria do portal UOL: Um lugar sem sentido. O subtítulo da matéria é "A carência generalizada de bibliotecas nas escolas brasileiras está inscrita num contexto em que pesam a desvalorização da cultura leitora e o modelo educacional adotado historicamente pelo país."

Relaciono, então, tudo isso numa pergunta: é mais fácil lidar com um “brinquedinho” como um smartphone ou encarar bons livros e um substancial hábito de leitura? A resposta me parece óbvia. Se já é difícil influenciar pessoas ao hábito da ler, por conta, por exemplo, da carência de bibliotecas, imagine diante de todo o entretenimento que opera avassaladoramente sobre a mentalidade geral, entretenimento reforçado pelos novos recursos tecnológicos, além dos inúmeros esquemas sedutores da tal indústria cultural. Não é à toa jovens acharem que rock'nroll é literatura e jornalismo bate-estaca é filosofia. Como também não é à toa a maioria de nós, creio, considerar maior tragédia a derrota da seleção por 7x1, na Copa Fifa, e não se sentir constrangida diante da carência de maiores e melhores investimentos em bibliotecas, museus, teatros, cinemas e outros tantos espaços que possibilitam um alargamento do potencial cognitivo-cultural. Há uma preocupação se Dunga vai ou não ser um bom técnico da seleção brasileira, mas os mesmos que com isso se preocupam não saberiam sequer o nome de quem, hoje, ocupa o cargo máximo do Ministério da Cultura! A inversão de prioridades se torna, assim, praticamente uma virtude em nós brasileiros, o que é uma lástima!

Como anteriormente relacionei a questão tecnológica (novos recursos) com o hábito de ler, saliento, no entanto, que o problema não está em haver diferentes mídias (meios), mas na supervalorização de umas em relação a outras. Se a TV, enquanto meio, já fez o estrago que fez na formação geral, o mesmo, a seu modo, ocorre em relação às novas tecnologias, cujo poder viciante parece ser mais voraz. Num artigo em meu blog O Araibu, tratei desse assunto: O excesso de informação e o hábito da leitura. E mesmo que esse discurso possa parecer chato, ele é necessário. E aos que já se arvoram a procurar um culpado (costume bem brasileiro) para tudo isso, aqui uma recomendação: calma, pois, apesar dos deveres dos governos para conosco, há em nós mesmos (sociedade) um desinteresse generalizado quanto a mudar situações como a que aqui se trata. Também temos culpa, pois, muitas vezes, nos omitimos.

* Sobre Webston Moura, acesse esta página: Colaboradores.
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