domingo, 3 de agosto de 2014

PRECISAMOS DE IDEIAS QUE NOS INSPIREM UMA NOVA ATITUDE


Geração Editorial


por: Webston Moura*

Não há muita gente que questione a necessidade de existir um parlamento duplo em nível nacional. Refiro-me à Câmara Federal e ao Senado. Pra que duas casas legislativas?! Ao todo, juntando as duas, temos mais de 500 congressistas que, segundo a apreciação geral, não representam muito condignamente o povo brasileiro. É a impressão que tenho. A decepção é geral e notória. Talvez, nunca a chamada classe política tenha sido tão criticada pelo eleitorado, embora a maioria deste coloque bem mais foco sobre o poder executivo, ou seja, a Presidência da República, sem se aperceber do poder legislativo.

Pesquisando no portal Congresso em Foco, sobre a questão dos supersalários, um escândalo que surgiu há certo tempo, obtive um link que dá acesso a várias matérias: http://goo.gl/W6AiGd. Fica ao gosto do leitor ler o que desejar.

Da parte de muitos eleitores há uma tendência em localizar a problemática geral no partido da presidenta Dilma Rousseff, o PT, o que representa um engano, já que o leque de partidos que compõem o cenário é bem maior. E, verdade seja dita, o grau de fossilização das estruturas partidárias talvez já tenha atingido um nível máximo, tal que só uma profunda reforma no sistema seja capaz de transformá-lo. Não se trata apenas de mudar os nomes a cada eleição, mas de mudar o funcionamento do poder mesmo, sua forma de agir em relação aos destinos da nação e às necessidades mais urgentes da sociedade. O difícil é conseguir tal mudança, já que é praticamente impossível que os nossos representantes legislem contra si mesmos, contra seus grupos e em favor do povo. Essa lógica, creio, é perfeitamente plausível a qualquer pessoa, não importando a qual espectro ideológico pertença (direita, esquerda, etc).

No ano passado, tivemos as marchas de junho, uma movimentação de milhões de brasileiros, algo plural e complexo. Ali, quem sabe, tenha sido um aviso final de que, numa próxima ocasião, o povo, levantado em protesto, venha a promover, ao custo que for, as transformações que o sistema político não consegue (ou não quer). É delicado tudo isso. Problema afim deste é o eleitor-torcedor, aquele que a cada dois anos toma uma trincheira e, sem utilizar uma só sinapse de seu cérebro, esbraveja, vai pra rua, compra briga até com os parentes e, depois, vota em alguém achando que o sujeito há de realizar sozinho um milagre. Essa é uma história que se repete. Outros, cansados ou acomodados, repetem que nada tem jeito, o que não resolve coisa alguma, já que a vida continua e as necessidades também.

Penso em tudo isso ao ver o livro acima, o da imagem do post. A autora, Cláudia Wallin, concedeu entrevista ao Programa do Jô (clique aqui: http://goo.gl/G9fErG). Penso que a partir desta e de outras experiências, com paciência e determinação, poderemos, quem sabe, a médio ou a longo prazo realizar as mudanças que desejamos, sem necessitar de algo mais drástico como uma enorme insurreição Brasil afora. Se vale de incentivo, lembremos que a Suécia não nasceu tal como é, nenhum lugar (nenhum povo) nasce pronto ― transforma-se ao longo do tempo. Mas, para mudar é preciso querer. E nesse querer é necessário não esconder de si os próprios defeitos, as próprias imperfeições (lembremo-nos de que boa parte do nosso povo tem por valor moral muitos atos questionáveis ou imorais mesmo, o que acaba por lhe retirar o crédito na hora de criticar os poderes, os políticos, os partidos, etc).

Alguém há de dizer que certas pretensões são pura utopia. Mas quero lembrar que uma utopia não nasce sem que haja uma necessidade. Se há de vingar, isso depende de diversos fatores. Os milhões de brasileiros que foram às ruas em 2013 podem não saber muito ao certo o que e como fazer, mas já sabem de algo essencial: o Brasil precisa se tornar outro, melhor. Esse é o começo do desejo de mudança. E o Brasil, não esqueçamos, não é só Brasília e o poder central ali localizado, mas também os estados e os municípios. Aliás, o que há de mais concreto são os municípios, pois é neles que vivemos de fato.

* Sobre Webston Moura, acesse a página Colaboradores neste blog.
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