por: Webston Moura*
É
óbvio que nem tudo se pode fazer de bicicleta, claro esteja. Portanto, quando
alguém postula o uso de bicicletas nas cidades brasileiras, não está pensando
ingenuamente e sim numa das alternativas que outros países, aos quais chamamos
desenvolvidos, procuram adotar. Infelizmente, o lobby da indústria
automobilística ainda é muito forte frente à consciência geral. Mas, mesmo no Brasil,
as iniciativas em prol do uso das bykes
são louváveis. Há muitos adeptos e entusiastas do assunto.
O
brasileiro mais consciente anseia por um espaço urbano mais humano, menos maquinal,
onde se possa, para utilizar um termo bastante adotado pelo teólogo e filósofo
Leonardo Boff, haver mais convivialidade [1], o que significa conviver de fato e
num sentido comunitário mesmo. Nada disso deve ser encarado como mero modismo,
mas como possibilidade de uma urbe mais cidadã, mais gente. E essas idéias, claro, se
chocam muitas vezes com os interesses do capital, dos misteriosos homens de
negócio que desejam a todo custo a empresarialização do mundo, reduzindo o ser
humano a duas coisas: força de trabalho e ser-de-consumo, ou seja, massa de
manobra. É preciso, no entanto, superar a desumanização do mundo e a ideia de
que o dinheiro é uma entidade mística e superior em relação à qual devemos
entregar nossas vidas, como se isso fosse o destino único e final da nossa espécie.
Voltando
mais propriamente ao uso das bicicletas, lembro-me de que recentemente o Globo
Repórter exibiu matéria sobre a Holanda e mostrou como por lá houve uma
mobilização da sociedade para que mudanças em torno deste e de assuntos correlatos
acontecessem, o que de fato se tornou realidade. E no portal EU VOU DE BIKE é possível ler uma matéria bem interessante: Amsterdã, capital mundial da bicicleta.
Ao
contrário do que muitos “previram”, o ser humano não deixou de utilizar a
bicicleta. Aliás, a título de conhecimento, até o disco de vinil, com sua arte
bem mais agradável que a dos CDs de embalagens frágeis (péssimas), está
voltando. Onda retro? Sim, mas retro não no sentido de retroceder (atrasar-se)
e sim no sentido de retornar a uma origem mais plausível e segura.
Aproveitando
o tema, vou pincelar um outro que considero afim deste: andar; caminhar. E,
nesse ínterim, é impossível não pensar em espaços próprios para tais atividades (praças,
parques, etc). E é nesse ponto que nossos governantes precisam ressuscitar em
si mesmos o bom senso e investir de modo mais correto (mais ousado) em tais
espaços. E esse “mais ousado” significa bem feito e adequado, nada faraônico ou delirante. Claro, há quem nesse momento diga que saneamento básico, por exemplo, é algo ainda mais
fundamental, e eu concordo. Mas compreendamos que tudo isso está interligado.
Assim é que precisamos perceber. Em suma, o que as pessoas querem é uma cidade
(um ambiente) que não lhes seja mais uma forma de agressão, de exclusão. Querem a
tão falada qualidade de vida (não confundir isto com fulano ficar rico enquanto a
maioria pena na miséria, modelo destruidor da paz social).
Gostaria
eu que essas e outras pautas fossem realmente levadas a sério durante a
campanha eleitoral que já vivenciamos. Mas, com raras exceções, creio que não
serão, pois a maioria dos nossos políticos ainda é muito formada por tipos como o que está exposto neste engraçado vídeo de Marcelo Adnet: http://youtu.be/dMVgb3DtS0Y (segure o riso, se puder).
E como vou finalizar este post? Com desesperança? Não. finalizo com uma certeza: apesar dos pesares, ainda somos livres, ao menos, para pensar e para sonhar. E de sonhos, essencialidade do ser humano, entendia bem um mestre que, recentemente, partiu para outra dimensão, o Rubem Alves. Leia isto: SOBRE POLÍTICA E JARDINAGEM. Talvez, o que venha a nos salvar da selvageria do mundo seja uma reforma em nossa maneira de perceber a nós e ao mundo, para que, como crianças sem mácula, possamos ver o óbvio: felicidade geral. Não é (não era) essa a ideia?
* Sobre Webston Moura, acesse a página Colaboradores neste blog.
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NOTAS:
1. Acesse este link: Para não perecer: a convivialidade necessária
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