Há
tempos, ao ser apresentada em uma sala de aula para a minha primeira
experiência como professora de literatura, todos os alunos fizeram um
xiiiiiiiiiiiiii, que me deixou intrigada. Considerando que aquele som de
reprovação não poderia ser para a literatura, claro que seria para mim, os
alunos não tinham gostado da nova professora. O diretor se retirou e eu iniciei
a aula que transcorreu tranquila e participativa e quando eu pedi que eles
avaliassem aquele momento, todos foram unânimes em afirmar que a aula tinha
sido ótima. Perguntei, meio sem jeito, sobre o som inicial e eles disseram -
”fica fria, professora, o xiiiiiiiii foi para a literatura” e saíram correndo
da sala, visto que a aula havia encerrado. Fiquei tão decepcionada com aquela
resposta - como alguém poderia ter esse desprezo pela literatura? Uma das
minhas disciplinas preferidas? Fui dormir com a pergunta martelando na mente e
logo na próxima aula a discussão foi estabelecida. A resposta da maioria foi
determinante na minha vida de educadora, ”como podemos gostar de literatura se
passamos a vida toda sem ouvir falar nisso e quando chegamos ao segundo grau,
lá se vem essa porção de escolas literárias, arcadismo, parnasianismo,
romantismo, modernismo, e todos os ismos possíveis? “É um saco”, falaram
alguns. Tive que admitir que os alunos tinham razão e comecei a planejar alguma
coisa que ajudasse a preencher a lacuna que a literatura deixava para os alunos
do ensino fundamental.
Nasceu assim a oficina de poesia Tecelagem de Sonhos, que foi implantada na Escola Coronel Murilo Serpa, em Russas. Eram idos de 1996 e os alunos puderam experimentar um tempo de muita fartura de “viagens” e produções de textos poéticos.
Para que os tecelões pudessem estar aptos a produzirem, participávamos de oficinas da lua cheia, em um sítio na localidade de Poço Redondo (em Russas/CE), onde cantávamos, recitávamos e criávamos textos coletivos. Semanalmente, nas oficinas na sala de leitura, tínhamos um momento de verbalização para que eles contassem como a poesia os havia visitado durante a semana e cada um havia ganhado um bloquinho e uma caneta para guardar junto a si e não perder o momento mágico e irrepetível da chegada dela. A culminância foi a visita à primeira bienal do livro de Fortaleza, onde os tecelões puderam conversar com Artur Eduardo Benevides, o Príncipe dos Poetas Cearenses.
Desde então vinha me trabalhando para lançar um livro que pudesse alcançar o maior número de leitores, de uma forma lúdica e dinâmica que apresentasse a poesia como uma iguaria pronta para ser degustada, que as pessoas que lessem, percebessem a leitura como um instrumento de prazer. Saiu do forno um livro cartão postal, com folhas soltas e uma proposta de não deixar a poesia presa.
Demorou um tempo, muito tempo? Diria que o tempo necessário para não sair cru nem tostado demais, saiu no tempo certo de espalhar poesia, ganhar o mundo e ajudar a gerar delicadeza em quem possa encontrá-la e se encantar com ela...
* Leia também um poema: Rebelião (Verônica Oliveira)
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Nasceu assim a oficina de poesia Tecelagem de Sonhos, que foi implantada na Escola Coronel Murilo Serpa, em Russas. Eram idos de 1996 e os alunos puderam experimentar um tempo de muita fartura de “viagens” e produções de textos poéticos.
Para que os tecelões pudessem estar aptos a produzirem, participávamos de oficinas da lua cheia, em um sítio na localidade de Poço Redondo (em Russas/CE), onde cantávamos, recitávamos e criávamos textos coletivos. Semanalmente, nas oficinas na sala de leitura, tínhamos um momento de verbalização para que eles contassem como a poesia os havia visitado durante a semana e cada um havia ganhado um bloquinho e uma caneta para guardar junto a si e não perder o momento mágico e irrepetível da chegada dela. A culminância foi a visita à primeira bienal do livro de Fortaleza, onde os tecelões puderam conversar com Artur Eduardo Benevides, o Príncipe dos Poetas Cearenses.
Desde então vinha me trabalhando para lançar um livro que pudesse alcançar o maior número de leitores, de uma forma lúdica e dinâmica que apresentasse a poesia como uma iguaria pronta para ser degustada, que as pessoas que lessem, percebessem a leitura como um instrumento de prazer. Saiu do forno um livro cartão postal, com folhas soltas e uma proposta de não deixar a poesia presa.
Demorou um tempo, muito tempo? Diria que o tempo necessário para não sair cru nem tostado demais, saiu no tempo certo de espalhar poesia, ganhar o mundo e ajudar a gerar delicadeza em quem possa encontrá-la e se encantar com ela...
* Leia também um poema: Rebelião (Verônica Oliveira)
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Verônica Oliveira é licenciada em Letras pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), com formação em Educação Biocêntrica pela Universidade Vale do Acarau (UVA). Criadora e facilitadora do Projeto Tecelagem de Sonhos - Oficinas de Poesia para estimular a leitura e a escrita de alunos do ensino fundamental - EMEF Murilo Serpa/ Russas - CE, participou da coletânea de Escritores Palavra Russas, em 2011, e publicou o livro de poemas Entre a Bruxa e O Dragão/2014 de onde foi extraído o poema acima. Sua fan page é esta: https://www.facebook.com/entreabruxaeodragao.
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